Os partidos têm opinião? *

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 13 de Novembro de 2009

1. Isabel Alçada, a nova Ministra da Educação, vai tentar compor o mal que o marilurdismo causou nas escolas. Está a começar pelo mais urgente e menos difícil - o estatuto e a avaliação dos professores.

Depois virá o tempo para dar atenção ao mais árduo e importante nas nossas escolas que não são os professores mas sim os alunos e os conteúdos que eles têm que aprender. Repito porque sei que isto irrita o eduquês que manda na “educação”: o essencial são os alunos e os conteúdos que eles têm que aprender.

Vai ser necessária uma terapia rigorosa. O resultado é muito incerto. Fizeram-se muitas asneiras. Nas escolas, como muito bem sintetizou António Barreto no Público, o marilurdismo causou um “desastre ecológico”.

Os quadros políticos do PS ligados à educação podiam e deviam ter tido mais coluna vertebral. Deviam ter pensado mais no interesse público e menos nas suas carreiras.

Da parte que me toca, estou de consciência tranquila.

Desejo boa sorte a Isabel Alçada.


2. Em 1992, Karl Popper deu uma conferência em Lisboa a convite de Mário Soares, onde defendeu a personalização dos votos.

Cito Popper: “E se as opiniões dos homens merecem sempre o maior respeito, os partidos políticos, enquanto instrumentos típicos de promoção pessoal e de poder, com todas as possibilidades de intriga que isso implica, não podem de forma alguma ser identificados com opiniões.”

Depois do que aconteceu nos últimos 17 anos, talvez agora se perceba melhor esta tese de Popper. De facto, as pessoas têm opiniões, os partidos não.

As opiniões de Maria de Lurdes Rodrigues sobre a escola eram uma desgraça mas tiveram muita gente atrás delas. Oxalá essa mesma gente vá agora atrás de opiniões boas.

Oxalá, agora, haja ideias boas.

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