O ovo da serpente*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 11 de Dezembro de 2009


1. A eleição de Barack Obama encheu o mundo de esperança. Só que Obama ainda não teve tempo para respirar. São sarilhos e mais sarilhos. A economia americana avariou, o dólar está a afundar-se e o SNS americano é um parto dificílimo.

O ”american way of life” quer pôr-se outra vez nos carris. Não se vê como. Esta semana, Fareed Zakaria no Washington Post sintetizou: “Obama está à procura de uma política pós-imperial no meio de uma crise imperial”.

A 1 de Dezembro, na academia de West Point, Barack fez um discurso sobre a situação militar. Aí, mais uma vez, explicou que é no Afeganistão e no Paquistão que está o ovo da serpente fundamentalista e procurá-lo no Iraque foi um desfoque estratégico.

Esse discurso foi ouvido e discutido em todo o mundo. Em Portugal, infelizmente, não se deu conta de nenhum debate sobre o assunto.

Obama anunciou o envio de mais 30 mil soldados e afirmou que as tropas vão começar a regressar à América daqui a 18 meses.

Percebe-se a motivação estratégica que fez Barack ter já triplicado a presença militar americana no Afeganistão. Já este anúncio de prazo de retirada é um erro difícil de perceber.

Os afegãos não se vão pôr ao lado do corrupto presidente Hamid Karzai sabendo que os americanos se vão embora.

Por sua vez, os talibans e a al-Qaeda só têm que fazer como as cobras durante o inverno e meterem-se mais uns tempos debaixo dos calhaus.

2. Pergunta: qual era o pior emprego em Viseu no séc. XVI?

Resposta: carcereiro. 

Se algum preso fugisse, era o carcereiro que tinha de cumprir a pena.

Aprendi isso em “A Cidade de Viseu no Século XVI”, de Liliana Castilho, um livro acabado de editar pela Arquehoje. 

Leitura boa, instrutiva e acessível mesmo a não especialistas.

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