Ser “ex”

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 16 de Abril de 2010


Fotografia do Jornal de Negócios
1. A EDP paga bem. O senhor António Mexia leva para casa 3,1 milhões euros. A senhora Ana Maria Fernandes, da EDP-Renováveis, leva 2,4 milhões.

O caso de Ana Maria Fernandes foi pouco falado por cá mas isso não admira já que a empresa que ela dirige tem sede em Madrid. Foi feito à EDP-Renováveis o mesmo que o senhor Correia de Campos fez às grávidas de Elvas. A empresa foi espanholizada e, em consequência, em vez de parir impostos, dá à luz “impuestos”.

Já os 3,1 milhões do senhor Mexia causaram comoção cá na pátria. Com gigawatts de razão, António José Seguro considerou-os “obscenos” e “uma imoralidade".

O senhor Mexia tem a melhor profissão de Portugal – ele é “ex-ministro”. Ser “ex-ministro” é meio caminho andado para se obter um lugar bem pago nos “negócios” porque os “negócios” em Portugal carecem duma ecologia muito especial. Os nossos grandes grupos económicos vivem aconichados no estado, parasitam-no, prosperam a partir dele sem correrem riscos. E tudo é feito entre “ex-ministros” e futuros “ex-ministros”.

Deste tráfico pingam chorudos prémios. “Obscenos” como diz António José Seguro. Nada nestes prémios tem a ver com competência gestional. O talento desta gente é só um: ter uma “rede de contactos”.

Estas “redes de contactos” tanto engendram submarinos, como aumentos da electricidade, como contentores, como obras em liceus por ajuste directo. Com a divina bênção do Espírito Santo que, em Portugal, como se sabe, está em todo o lado.

2. O Decreto Legislativo Regional nº 14/2010/A, de 9 de Abril, isenta os veículos açorianos da obrigatoriedade de usarem o dispositivo electrónico de matrícula. Os Açores disseram não aos “chispes” das matrículas.

Falta agora o resto do país fazer o mesmo.

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