Religiões (Parte II) — um texto de JB*

* Comentário enviado por JB ao post "Religiões" publicado aqui ontem

Este post é muito pertinente e merecia mais tempo para uma resposta bem fundamentada.

Aqui deixo um apontamento.


Fotografia de Catarina Tomás Ferreira
Diário de Viseu
Um exemplo local deste tipo de atitudes da hierarquia da igreja passou-se (Julho de 2013) nas freguesias de Cavernães, Cepões e Mundão que protestaram contra a saída do padre José Caldeira, que há 14 anos servia essas localidades.

Na tropa é invocado o sistema de rotatividade de sargentos e oficiais. E na Igreja a é invocado qual princípio? Rotatividade de almas…??!!

Em Canelas, em Cavernães, em Vouzela há vários ângulos de observação da questão. Aceito essa posição. Mas, como cidadão, não entendo esta promoção da sociedade/igreja que aposta no espectáculo, e do qual só ficam instantes que não fazem tecido e, por isso, se devoram uns aos outros.

A questão chave é obviamente: o poder, enquanto domínio e carreirismo.

E aqui não entendo como a Igreja recupera argumentos contra o cristianismo originário. O cristianismo não tem inimigos. Os seus inimigos são a fome, o sofrimento, as injustiças e desigualdades, a ausência de sentido... Um deus que mete medo, que humilha as pessoas e impede a sua alegria, que leva à violência é um deus em relação ao qual as pessoas optam pelo ateísmo. O núcleo da sua mensagem deveria ser que Deus é amor. Esta é que é a notícia boa do Evangelho. Ora, o que a Igreja pregou muitas vezes, ao longo dos tempos, foi uma má notícia. E, nem sempre dentro da Igreja reina a verdade limpa e honesta da transparência e da justiça.

“A Igreja precisa de assumir o valor da autonomia, em vários domínios, como a participação dos leigos, a liberdade de investigação e ensino, abrir-se a uma cosmovisão processual e não estática, confrontar-se com o pluralismo.” - padre Anselmo Borges (livro "Deus Ainda Tem Futuro?")

E cito ainda o meu amigo José Manuel Pureza: “Perguntaram-me se Jesus tinha sido de Esquerda ou de Direita. E eu respondi que Jesus não tinha morrido de velhice nem de doença, mas sim assassinado pelos poderes políticos e religiosos do seu tempo... Depois perguntaram-me se não é "mais normal" os cristãos serem conservadores. E eu respondi que a palavra conservação não faz parte do glossário dos dez mandamentos...”

“A Igreja portuguesa tem feito progressos na sua atitude mas que precisa ainda de mudar o estilo de organização e a mentalidade dos seus membros; a Igreja deve ouvir os homens e as mulheres e não a si mesma. O povo da sacristia não é o mundo. E a vida dos homens e das mulheres não é um eco passivo de uma doutrina. A Igreja, perita em humanidade, ouve para aprender.” – padre Tolentino de Mendonça.

Desautorizar os críticos sempre foi a estratégia dos poderosos que se sentem em risco….


Reflexão:
Sem-abrigo de Marselha obrigados a andar com triângulo amarelo visível. Tal como os judeus, há 70 anos.

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