Soares*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 11 de Novembro de 2005


Mário Soares,
 pintado por Júlio Pomar
1. Não tivemos ainda outro Presidente da República que chegasse aos calcanhares de Mário Soares. Ele nunca teve medo de tomar posição sobre os problemas nem nunca usou o tabu ou o silêncio para criar a imagem de “salvador da Pátria”.

Mário Soares podia estar em último nas sondagens que o apoiava na mesma. É um apoio sem reservas. Não gosto de cálculos tipo: “ele é o melhor colocado para…” Soares é homem de coragem inteira. Para mim, ele é o melhor. Ponto final.

2. A Lei de Limitação de Mandatos aprovada este ano só vai ter efeitos práticos em 2013 e aplica-se só a Presidentes da Câmara e Presidentes da Junta. Eu acho isto insuficiente. O princípio da renovação dos cargos políticos devia ser universal.

Os deputados da Assembleia da República deviam ter começado pela própria casa e aplicado a limitação de mandatos a si próprios. Não conheço instituição da nossa democracia que tenha mais dinossauros que o parlamento.

Se a limitação de mandatos dos deputados tivesse sido incluída logo na Constituição de 1976, Manuel Alegre não teria passado 30 anos enclausurado no parlamento. O resultado teria sido bom. Manuel Alegre teria agora uma biografia política mais interessante para apresentar.

3. Eduardo Prado Coelho, membro da Comissão Política de Manuel Alegre, escreveu no Público de 28 de Outubro que “(…) a candidatura [de Mário Soares] entusiasma alguns bonzos do PS (…)”.

É claro que Manuel Alegre é apoiado por gente respeitável. Embora nem toda, como se vê.

4. Portugal, 2008: Cavaco Silva, Presidente; Manuela Ferreira Leite, Primeira-ministra. Pode acontecer. Basta só a esquerda continuar a dar tiros nos pés.

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