Árvores*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 29 de Setembro de 2006


1. Em poucos anos, Marzovelos transformou-se num dos maiores núcleos urbanos de Viseu, onde habitam milhares de pessoas.

Muitas delas não sabem que, mesmo no meio da rua principal de Marzovelos, havia um grande pinheiro que era o orgulho da terra.

Quando começou o “boom” da construção, a “pinheira” (era assim que era conhecida) caiu sobre um prédio em obras. O Restaurante “A Pinheira”, junto ao Parque Infantil, é a única referência que ainda resta no bairro a essa árvore magnífica.

Depois de milhões e milhões de euros de investimento público e privado, ainda não apareceu em Marzovelos nada tão bonito como era aquela “pinheira”.


Fotografia Oho de Gato
2. Sempre que venho do Sul, na N2, passadas as bombas de gasolina da GALP de Vila Chã de Sá, procuro-o com os olhos no fundo da recta. Quer venha de longe, quer venha de perto, só sinto que estou quase a chegar a casa quando vejo aquele cedro alto que parece um cão de orelhas espetadas e boca aberta. 

Aquele cedro curioso está em perigo porque a estrada está a ser duplicada. Não haverá forma de o preservar?

3. O Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, acaba de determinar em Despacho: “Os tempos mínimos para a leccionação do programa do 1º Ciclo são: Língua Portuguesa – 8 horas lectivas de trabalho semanal, incluindo uma hora diária para a leitura.”

Para além de terem de ouvir a professora a “capuchinhar” até ficar de garganta seca, os meninos do 1º ano vão, para já, passar uma hora por dia a lerem “a tia tapa o pote”. Mais para o Natal, todos os meninos de seis anos, do Minho ao Algarve, quando souberem mais umas letritas, vão ler em coro: “já lemos graças ao Lemos”.
Lerão uma hora. Se for mais, não faz mal. Menos é que nem um segundo. Ordens são ordens. Mesmo que pensadas com os pés.

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