"A política educativa da geringonça falhou" — diagnostica o JB*

* Texto enviado pelo JB, por e-mail, para este blogue

No dia 24.02.2018, o Expresso online, noticiava que “O Governo admite conceder ainda este ano um empréstimo adicional ao Fundo de Resolução para intervir no Novo Banco.”

Este é um dos assuntos que puxa pela minha linguagem mais vernácula e a minha aversão aos decisores políticos. No entanto, vou-me coibir por decência e respeito, pelo autor deste blog, de o manifestar. BPN, Novo Banco, BES…., já é passado, pois hoje, os finórios “gestores”, os “patriotas” empresários dos interesses, os praticantes do clientelismo e do tráfico de influências esfregam as mãos com o (previsível) acordo Costa/Rio sobre fundos comunitários e descentralização. 

Rio e Costa parecem ter inaugurado uma nova época de compromissos que prenuncia recuperar as "reformas estruturais" do bloco central dos interesses.

Curioso como a memória do PS é curta quando as políticas violentas do governo Passos Tecnoforma Coelho, e do outro facho que o acompanhava, entregaram as principais empresas públicas aos privados (recordo apenas e só o caso degradante dos CTT), quase esmagaram o Estado Social português, cortaram os rendimentos dos trabalhadores e dos reformados e deram todo o poder nas leis laborais ao patronato.

O que o governo PS/PCP/BE nos trouxe foi uma nova redistribuição da austeridade; a criação de um clima de uma certa paz social e otimismo; interromper a destruição do tecido produtivo e inverter timidamente a perda de rendimentos da maior parte da população. Nunca o PS objectivou uma rutura real com as políticas autoritárias decorrentes das imposições da União Europeia e o repensar da criação de uma nova orientação económica que retire Portugal de uma divisão internacional do trabalho que nos coloca como uma espécie de oásis turístico sem produção própria nem aposta em setores tecnologicamente avançados, com mão-de-obra qualificada e bons salários.

Todas as políticas feitas pelo governo PS não alteraram a redistribuição do poder em Portugal - o capital financeiro continua a dominar, até de uma forma crescente, as economias, as políticas e o poder.

E o PCP e o BE têm-se mostrado incapazes de dinamizar uma frente política e social que permitisse colocar na ordem do dia uma ruptura real com as políticas de austeridade, mas sobretudo a criação de uma correlação de forças que forçasse o governo a atuar em áreas nucleares dos direitos de cidadania: legislação do trabalho que combata a precariedade e proteja quem produz; revitalização da educação pública e do Serviço Nacional de Saúde, fazer qualquer coisa de esquerda, porra!

Neste contexto, constatamos que está agendada uma greve de professores para dia 15 de Março. Mas, o que querem agora os sacanas dos Professores?

No tempo do Pedro Tecnoforma Coelho, e do facho que o acompanhava, não havia “condições políticas” para promover alterações favoráveis na educação. Hoje, com o PS no governo e com o apoio parlamentar do PCP e do BE quais são as condições políticas que faltam para que haja alterações na educação?

Quando se aproxima o fim da legislatura, o que mudou na educação: o estatuto do aluno, no sentido de agilizar, desburocratizar e reforçar a autoridade do professor? O execrável horário ao minuto e o regresso ao horário por tempos, para professores? O sistema de eleição do director? Os professores passaram a ter a maioria no Conselho de Escolas? Foi apresentado e discutido um novo modelo de avaliação de professores? Mudou a gestão das cantinas escolares?..... A tudo, um ZERO!

A greve é a arma do povo e eu apoio sempre o povo! No entanto, há perguntas incómodas: após a greve de Novembro quantos cêntimos colocou o governo no orçamento 2018 para contemplar a progressão na carreira dos professores? Zero!

O que fracassou para que PC e BE não consigam pressionar o PS?

A política educativa da geringonça falhou, mas ganhou o ministro Tiago que conseguiu manter o sector quieto, estático e inerte, durante quatro anos. Bem merece uma prateleira dourada num sucedâneo da UNESCO juntamente com uma prática sindical que não ambiciona ganhar, apenas empatar…

Vocês são um restolho!

E termino com a “expressão favorita”, do léxico político pós-glorioso 25, – “Estou de consciência tranquila”.


PS: Quanto ao “descentralizar”, “regionalizar”, “municipalizar” a educação, estamos conversados. O Bloco Central autárquico, desde o CDS ao BE está de acordo, venha o guito!
JB

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